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Posts - 2017

Recentemente temos visto muita atividade, tanto nas redes sociais quanto na imprensa, sobre a declaração de Temer, o Pequeno, a respeito do "acidente" no presídio Amazonense. Embora completamente incorreta, tal declaração reflete não somente a falta de caráter de nosso presidente, mas também a hipocrisia da sociedade brasileira, em especial da classe média. Me refiro aqui à classe média pois os muito ricos simplesmente não se importam com isso, enquanto os muito pobres não tem acesso aos meios acima citados (assim como à educação). Falemos pois da classe média.

Olhando as diferentes reações das pessoas, podemos identificar fundamentalmente dois tipos de comportamento, os que se assustam, mas ainda condenam o ocorrido, e os que, por diferentes motivos, apóiam tais acontecimentos. As pessoas do segundo tipo são completamente violentas e idiotas, sem a mínima noção do porque este fato ocorreu. Acima de tudo demonstram uma falta de respeito estupidamente elevada pela vida. Ouvir tais pessoas somente leva à difusão do ódio, contribuindo significativamente para a piora da qualidade de vida da sociedade, visto que elas não têm idéia do que civilidade significa. Quanto ao primeiro tipo, se assustam pois acreditam que o sistema prisional é independente do restante da sociedade. Não entendem porque temos que construir prisões. Um país altamente desigual como o Brasil, com índices educacionais próximos do fundo do poço mundial, é obrigado a construir presídios, que servem para manter os bandidos pobres longe da chamada "sociedade civilizada". Como grande parte desta sociedade (57% no geral e chegando à 72% entre as famílias com renda acima de 10 salários mínimos) apóia a idéia de que a polícia deve matar bandidos, o resultado não poderia ser diferente. Então o que realmente surpreende é que esse tipo de coisa não ocorra com mais freqüência.

A indignação de parte da população no caso de Manaus reside no fato de que, ao menos na minha humilde opinião, as pessoas, além de facilmente manipuláveis pela mídia, são completamente hipócritas (não podemos esquecer aqui também o baixíssimo índice de aprovação do Pequeno). Uma explicação pode ser encontrada no seguinte comportamento, naturalmente aceito pela sociedade.

Com freqüência diária vemos manchetes nos jornais se referindo às mortes ocorridas em acidentes de trânsito. Neste quesito, o Brasil ocupa a quarta posição mundial, perdendo para China, Índia e Nigéria apenas. São aproximadamente 43 mil mortes por ano em nossas estradas e ruas. Este número por si só já diz que algo terrivelmente errado está acontecendo neste país. Entretanto, o que quero analisar aqui são as manchetes, que não causam nenhuma indignação. Consideremos, como exemplos, os seguintes casos:

1) Motorista embriagado se envolve em acidente com morte.

2) Motorista falando ao celular causa acidente e uma pessoa morre.

3) Motorista avança o sinal de pare e colide com outro carro, deixando um morto.

4) Motorista excede limite de velocidade e causa acidente fatal. Minha pergunta é a seguinte: Porque aceitamos a palavra acidente nestes casos? Os quatro casos acima citados, assim como 99% dos 43 mil mortos anualmente, não são acidentes, são HOMICÍDIOS (ou suicídios, dependendo de quem morreu). Presencio a barbárie no trânsito todos os dias quando saio às ruas. Por exemplo, a população acha normal que o pedestre tenha que esperar, diante de sua faixa, para que não venham mais carros para ele poder atravessar a rua. Isto é um absurdo. Isto deveria causar indignação ao chamado cidadão de bem.

A grande verdade é que vivemos em uma sociedade doente, hipócrita, mal-educada e com um senso completamente deturpado de direito. Por isso teremos que construir cada vez mais presídios. Somos um povo que não está acostumado a seguir leis. A pessoa pensa que, porque ela tem um carro, ela pode não respeitar um sinal de pare, uma faixa de pedestre ou um sinal vermelho, pode estacionar o carro onde bem entender ou exceder o limite de velocidade. Tal sentimento é tanto mais forte quanto maior é a renda. Por isso tratamos homicídios de trânsito como acidentes de trânsito, pois caso contrário muitas das pessoas de bem seriam consideradas piores do que as que foram mortas em Manaus. Logo, a máxima (imbecil e violenta) de que bandido bom é bandido morto tem que ser substituída por uma mais apropriada à nossa realidade: Bandido bom é bandido POBRE morto.

Como acabamos com os dois tipos “acidentes” citados acima? Simples, com uma política séria de investimento em redução da desigualdade social e em educação de qualidade para todo cidadão, sem exceção. Temos que aceitar que não pode existir uma classe abaixo da classe média, assim como não pode haver a concentração de renda que existe hoje. Uma pena que as políticas adotadas por Pequeno vão na direção oposta. Se isso continuar, só podemos esperar o aumento da barbárie, inevitavelmente.

Então meus caros, que tal deixarmos a hipocrisia e o egoísmo de lado e começarmos a nos comportar como seres civilizados de verdade? Mais uma vez, que tal pararmos de apontar para Brasília e apontarmos para o espelho todas as manhãs e pensar: hoje não vou agir como um cretino, vou respeitar as leis?

Posts - 2016

Chegamos ao final do ano do impedimento da primeira presidenta da história do Brasil. Fazendo um balanço do governo do PT nos últimos 13 anos, o que vimos foi uma grande modificação na estrutura social brasileira. Caminhamos (pouco) para a criação de uma sociedade de classe média, mais igual e mais justa. Este é o caminho oposto ao pensamento neo-liberal que sempre esteve presente, não só no Brasil, mas em todo o mundo, desde a década de 70. O grande erro do PT, na minha opinião, foi querer implantar um estado de justiça social sem implementar as reformas que poderiam viabilizá-lo, como a reforma política e a reforma tributária, entre outras.

Nos anos da ditadura a desigualdade aumentou no Brasil, ficando praticamente constante nos dois governos FHC. Uma mudança significativa neste quadro passou a ocorrer nos dois mandatos de Lula, em que as classes mais baixas foram colocadas no mercado consumidor e a renda per capita média subiu. Podemos ter uma idéia disso olhando a evolução do coeficiente GINI, que permaneceu estacionário nas décadas de 70 e 90, com uma piora nos anos 80, de alta inflação, e passando a cair sistematicamente a partir do governo petista. Continuou caindo com o governo Dilma (hoje está em 0.49). Isto ocorreu devido aos programas sociais implementados, incluindo uma política consistente de valorização do salário mínimo, enquanto deixava nas mãos da iniciativa privada a produção. Portanto, o que vimos foi um governo social democrático, combinando assistência social com ideias liberais.

Antecipando algumas críticas:

1) O PT é comunista e precisamos nos livrar desse mal. Bem, associar o PT ao comunismo (mesmo nos tempos de sua origem) é um ato de completa ignorância ou de má-fé. E o comunismo ao mal é ainda pior. Em outras palavras, ou você não entende minimamente o que é (ou o que poderia ter sido) o regime comunista ou age de maneira deliberada contra o país para tirar proveito da situação.

2) O PT quer criar uma ditadura bolivariana e nos transformar na Venezuela. Brazil e Venezuela são países muito diferentes. Para entender o que acontece na Venezuela hoje, precisamos voltar ao início do século passado, quando a economia deste país era baseada no Cacau e no Café. Com isso, podemos ver que a idéia do H. Chaves era implementar uma democracia social, claramente contrário à elite, que reagiu fortemente, causando o que vemos hoje. O Brasil tem (ou tinha) uma estrutura institucional muito mais sólida, mas as elites estão reagindo também fortemente às mudanças sociais implementadas nos governos petistas.

3) A Dilma quebrou o país. Primeiro, o país não está quebrado. Segundo, se queremos apontar o dedo para alguém sobre a "quebra do país", temos que apontar para o congresso nacional, liderados por Cunha e Aécio, ou já esquecemos que este senhor prometeu, logo após ser derrotado nas urnas, quebrar o país para derrubar a Dilma? Se olharmos o que aconteceu de lá para cá, vamos perceber claramente que eles cumpriram a promessa.

4) O PT quebrou a Petrobrás. Outra falácia. A Petrobrás está tão quebrada quando estava a Vale nos tempos de FHC. O site da empresa mostra que ela, ao contrário, dá lucro. O que está havendo é uma propaganda negativa (assim como houve com a Vale) para que a empresa seja vendida a preços irrisórios. Vide última venda para a Total (25% e 35% de dois campos) por 2.2 bilhões. Basta ler os jornais franceses para ver que isso foi um excelente negócio para eles e não para nós, pois a Total vai lucrar muito mais do que pagou. Isso é o que eu chamo de doação de reservas estratégicas. Aguardem por mais.

Não estou dizendo que o PT não errou, muito pelo contrário. Acho que o partido cometeu erros fundamentais, por isso pôde ser atacado tão ferozmente pela direita. Entretanto, os quatro argumentos acima, assim como muitos outros utilizados na mídia, podem ser facilmente refutados com um pouco de estudo de história e geografia política. Isso não faz mal a ninguém por sinal. Lembrem-se que a mídia (oligárquica) e o governo (corrupto) fazem o que bem entendem com um povo mal educado (lembram-se de Zelaya e Lugo?).

O que me entristece neste ano que se vai é o fato de que, embora a mídia oligárquica diga pesadamente o contrário, o Brasil trocou uma governante honesta e comprometida com o país (embora sem nenhum tato político) por uma quadrilha que, a cada dia e a cada novo ato, joga o Brasil de volta aos tempos da colônia, beneficiando assim uma pequena classe de "nobres" e condenando uma massa imensa à uma vida de sofrimento, sem acesso à serviços básicos como educação, saúde, moradia e alimentação.

As novas políticas que estão sendo implementadas são tão violentas que o resultado será uma concentração de renda ainda maior, com proteção de uma pequena casta (que não é a classe média) de pessoas cujo único objetivo é o lucro. Com isso, a qualidade de vida da sociedade irá cair vertiginosamente, com aumento da violência e do individualismo. Aliado à completa falta de educação da imensa maioria da sociedade, o caminho que estamos trilhando só pode nos levar ao caos.

Ainda estamos muito longe de ter uma sociedade desenvolvida e penso que devemos discutir o sistema educacional brasileiro de maneira profunda. O problema não é somente a falta de acesso à educação, mas principalmente sua baixíssima qualidade. Um país sem educação não tem futuro. Não formamos mão de obra qualificada, não formamos pessoas para pensar o país e, fundamentalmente, não formamos cidadãos. As medidas tomadas pelo atual governo vão exatamente em sentido oposto ao da melhora educacional. Isso sem falar na reforma previdenciária e trabalhista que, com a classe empresarial que temos e com uma população altamente individualista e mal educada, vai nos levar de fato à revogação da lei áurea.

Vale lembrar que o povo brasileiro não saiu às ruas ainda. Em 2014/2015 a classe média alta, ressentida, cheia de um ódio cego e alimentado por uma mídia cínica, que foi as ruas pedindo a deposição da presidenta. Estas pessoas, profundamente egoístas, violentas e mal educadas (sem o mínimo conhecimento de história e geografia), tinham como objetivo a manutenção de seu "status social". Não suportavam o fato de que parte da classe C, que agora inundava os aeroportos, fazia parte do mercado consumidor, com acesso a educação, saúde, lazer e bens duráveis. Em outras palavras, uma classe média, repousando no pedestal de sua ignorância e com um senso completamente deturpado de direito, foi facilmente convencida de que o melhor para todos é o individualismo neo-liberal, servindo portanto de massa de manobra para quem realmente sabia o que estava fazendo. Temo que, quando o povo realmente sair às ruas, a coisa ocorra de maneira desorganizada e violenta (não teremos as convocações feitas pela rede Globo).

Vejo que muita gente espera o final de 2016. Mas 2017 vai ser igual ou pior que 2016, uma vez que a população continua a mesma, com um ódio talvez maior. Não é uma questão de calendário. Portanto, o que eu espero é que as pessoas mudem neste ano que está entrando. Que as pessoas comuns passem a respeitar as leis e a respeitar as outras pessoas. Que deixem de ser individualistas e pensem nos 62% de brasileiros que ganham até dois salários mínimos (por isso precisamos manter a política de valorização deste salário) ou nos 52% que não tem acesso à esgoto e água tratada (por isso não podemos aceitar que o governo destine 750 milhões de reais para combater a seca no Nordeste e 150 bilhões em juros que beneficiam menos 1% da população). Assistência social em um país como o Brasil não é populismo, é necessário para garantir para a população o que está escrito na ignorada Constituição. Esse é só o primeiro passo, de muitos, para a construção de uma sociedade justa, com igualdade social.